Argila e o manejo dos solos

No Brasil cada vez mais a fronteira agrícola segue na direção de solos com baixos teores de argila porque os solos mais argilosos já foram escolhidos.

A figura 1 destaca o contato de solos mais e menos argilosos.

Figura 1. Solos com diferentes teores de argila.

Figura 1. Solos com diferentes teores de argila.

A argila é importante porque está diretamente ligada com a disponibilidade de água, adsorção de nutrientes, e CTC dos solos; é muito utilizada no cálculo do gradiente textural entre os horizontes A e B na classificação de um solo, e no cálculo das doses de gesso e herbicidas.

A fração argila tem duplo sentido:

  • Granulométrico (argila, silte, areia fina, areia grossa), com diâmetro menor que 0,002 mm; de tão fina, possui elevada superfície específica;
  • Mineralógico (montmorilonita, caulinita, haloisita, etc.), as cargas elétricas negativas e positivas dos solos estão diretamente ligadas a fração argila, geralmente predominando as negativas (cargas elétricas variáveis ou dependentes de pH e cargas permanentes ou independentes de pH).

Os solos com muito baixo teor de argila (menor que 15%) desde a camada arável e em todo perfil são muito resssecados (Neossolo Quartzarênicos), ao contrário dos solos com o mesmo teor de argila na camada arável, mas com grande aumento de argila na camada sub superficial (Argissolos), os quais disponibilizam água por longo tempo devido a quebra de capilaridade entre os horizontes contrastantes quanto ao teor de argila (horizonte A arenoso e horizonte B muito mais argiloso).

O valor de argila pode ser conhecido com base na análise granulométrica ou no grau da sensibilidade da pegajosidade do solo molhado entre os dedos.

Nos solos ácricos as argilas floculam no seu grau máximo (100% ou próximo desse valor no horizonte B), porque estão no ponto de carga zero (PCZ) ou muito próximo desse ponto (números semelhantes de cargas negativas e positivas iguais, atração máxima das argilas, floculação máxima).

Desse modo, formam-se microagregados que são responsáveis pela alta permeabilidade dos solos mesmo os argilosos ressecando tanto que 2-3 dias depois de uma chuva significativa (50 mm) observa-se poeira após a passagem dos veículos.

Esses microagregados podem trazer um problema prático: subestimar o teor de argila tanto no laboratório (baixa dispersão) como na textura de campo (sensação “areia” que some depois de amassar fortemente o solo).

Como a argila é o denominador da formula de retenção de cátions (RC), o quociente nesse caso supera 1,5 prejudicando a interpretação química pedológica de um solo que realmente tem valor RC abaixo desse limite.

O laboratório informa a porcentagem de argila total (dispersa quimicamente), e argila natural (dispersa em água).

Calcula-se o grau de floculação (GF) desse modo:

GF: 100 x (argila total-argila dispersa em água) / argila total.

Para as mesmas condições de relevo e tipo de manejo, os solos com grau de floculação próximo a 100% são menos erosivos que os solos com baixo valor de grau de floculação, ou alto teor de argila dispersa em água.

Os solos com os mais baixos os teores de argila são mais indicados para eucalipto, pinus, citrus, mandioca.

Finalmente, as maiores populações de nematóides ocorrem nos solos com os menores teores de argila.

Assinale a alternativa correta

Resposta correta: Alternativa 5

Alternativa % de votos
1) Não ocorrem nematóides nos solos argilosos 13,6
2) Não se deve plantar eucalipto, pinus, citrus, e mandioca nos solos argilosos. 16,9
3) Sempre são corretos os teores de argila na análise de laboratório. 16,0
4) Todos os solos arenosos no horizonte A são ressecados 24,4
5) Todas afirmativas incorretas 29,1
Total de votos 213

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