Enquete # 16 - Fatores de formação dos solos

Em 1941, Jenny verificou que são cinco os fatores de formação dos solos: relevo, material de origem, organismos, clima e tempo. Hoje vemos que esses mesmos fatores de formação tem direta relação com o manejo dos solos:

Relevo

Enquanto que no relevo plano ou suavemente ondulado a mecanização é mais fácil e a conservação do solo menos preocupante, nos relevos mais movimentados isso não acontece; a taxa de fotossíntese é maior quando as plantas são cultivadas no relevo com maior tempo de exposição aos raios solares.

Na região nordeste do Brasil os solos podem salinizar-se nas depressões do relevo (Gleissolos sálicos, Vertissolos salinos, etc.). Na posição de baixada no relevo plano de várzea ocorrem solos de cor acinzenta (Gleissolos, Planossolos Hidromórficos, Espodossolo Hidromórficos), nos diques marginais dos rios e riachos podem ocorrer Neossolos Flúvicos, e no relevo escarpado afloramento rochoso. No campo observamos com frequência o maior secamento das folhas das plantas cultivadas no topo onde, geralmente, ocorrem Latossolos, em contraste com as plantas cultivadas das encostas onde, geralmente, ocorrem Nitossolos, ou Argissolos ou Cambissolos.

Essas constatações confirmam as observações de muitos agricultores quando explicam que as plantas cultivadas no topo da paisagem tendem ser as que ressecam mais cedo.

Material de origem

Material de origem ricos em minerais contendo cálcio, magnésio e potássio podem originar solos com maior potencial nutricional (eutróficos), solos derivados de rochas com minerais potássicos na fração areia liberam lentamente potássio (K) para as solução do solo. Isso explica a falta de resposta na adubação potássica nesses solos. Solos derivados de material de origem com predominância de areia fina em relação a areia grossa possuem maior disponibilidade de água do que solos desenvolvidos de material de origem com predominância de areia grossa em relação a areia fina (considerando similares teores de matéria orgânica e de argila e condições climáticas).

Organismos

A vegetação de mata adiciona maior quantidade de matéria orgânica do que a vegetação de cerrado ou campo cerrado e esse material orgânico é responsável pelos valores mais altos da capacidade de troca de cátions (CTC) na camada arável, além de melhorar a estrutura do solo.Nessas condições de CTC bem mais alta na camada arável o cálcio, magnésio, potássio e sódio retidos são continuamente recicladas como nutrientes.

Clima

A ação da água e do calor do clima do passado teve direta relação no grau de intemperismo dos solos. A profundidade de certos solos tem influência na disponibilidade de água, pois os Neossolos Litólicos por serem muito rasos não disponibilizam água por muito tempo, por isso há queda das folhas secas das matas no período mais seco do ano. A maioria dos solos das regiões do nordeste do Brasil são menos profundos do que os solos da região úmida da Amazônia devido a menor influência do fator água no desenvolvimento desses solos. A ocorrência conflitante de Latossolos na região seca do nordeste do Brasil é atribuída a alterações climáticas no passado onde períodos muito úmidos ali também ocorreram justificando a existência desses solos mais profundos.

Tempo

O solo possui idade jovem quando é raso e sem horizonte B porque não houve tempo para sua formação e desenvolvimento (Neossolo Litólico), idade juvenil quando foi formado um horizonte B incipiente diagnóstico (Cambissolo) e idade adulta quando o horizonte B é espesso e muito intemperizado (Latossolo). O Neossolo Litólico não teve suficiente tempo de desenvolver o horizonte B diagnóstico, por isso Neo, significando novo; o Cambissolo possui um horizonte B pouco desenvolvido em termos de espessura e/ou de mineralogia mais ativa, por isso camb significa mudar, trocar (não é um solo tão jovem como o Neossolo Litólico, nem tão velho como o Latossolo).

O Latossolo, ao contrário, é um solo profundo, maturo, velho, muito intemperizado. Se o Latossolo atinge o estágio máximo de intemperização nele pode manifesta-se o caráter ácrico. A palavra “acric”, que em latim significa “o fim”, foi bem aplicado pedologicamente por indicar o estágio final de intemperismo na classe dos Latossolos. A presença de óxidos de alumínio (goethita) na fração argila desses solos (figura 1) é indicativa do avançado grau de intemperização desses solos.

Figura 1. Presença de gibbsita na fração argila do Latossolo ácrico.

Figura 1. Presençaa de gibbsita na fração argila do Latossolo ácrico.

A figura 2 mostra como é a sequência de intemperismo do solo mais jovem (Neossolo Litólico) para o mais velho (Latossolo). Nessa sequência, a medida que o intemperismo aumenta com o tempo o mineral representado pela mica transforma-se em caulinita e depois em gibbsita.

Nessas condições, o solo passa de mais raso para mais profundo, de menos lixiviado para mais lixiviado, de maior CTC para menor CTC, de mais siltoso para menos siltoso e de maior teor de minerais de fácil intemperização para menor teor de minerais facilmente intemperizáveis na fração grosseira.

Figura 2.Transformações dos minerais de argila no solo ao longo do tempo.

Figura 2. Transformações dos minerais de argila no solo ao longo do tempo.

Quanto menor o valor do pH em água as cargas positivas são mais abundantes e o inverso ocorre quando aumenta o valor do pH porque aumenta a quantidade de cargas negativas.

O balanço de cargas elétricas no solo pode ser negativo, positivo, ou zero. Quando nulo é chamado de PCZ, ou ponto de carga zero, e nessas condições de PCZ existe a igualdade no número de cargas elétricas negativas e positivas, por isso a argila torna-se flocula-se no seu máximo. Ao contrário,quando o PCZ é distante de zero a argila torna-se dispersa.

Observa-se na figura 3 a, que a medida que aumenta o pH do solo a quantidade de cargas negativas é sempre a mesma (CTC) porque esse solo possui cargas elétricas permanentes, logo independem do pH do meio. Na figura 3b, o solo apresenta cargas elétricas permanentes e também dependentes de pH representando um sistema misto.

Nessas condições,surgem cargas elétricas positivas somente quando pH do meio é baixo(condições ácidas). Finalmente, a figura 3c representa o que ocorre no solo com cargas elétricas totalmente dependentes de pH (tépica dos Latossolos). Nessas condições o PCZ existe num alto valor de pH, abaixo do qual predominam cargas positivas e acima do qual dominam cargas negativas. Na prática, predominam de cargas elétricas positivas abaixo da camada arável quandohá condições de acidez e também porque nessa posição do perfil de solo existe menor influência da matéria orgânica (menor concentração de raízes). Portanto, a calagem aumenta a quantidade de cargas negativas no solo porque aumenta o valor pH no solo, ou seja o pH do meio ultrapassa o PCZ.

Figura 3. Balanço de cargas elétricas no solo (Wambeke, 1974).

Figura 3. Balanço de cargas elétricas no solo (Wambeke,1974).

Resultado da enquete

Alternativa correta: B

Alternativa % de votos
a) Os Latossolos apresentam apenas cargas elétricas permanentes 7,1%
b) Cargas positivas não ocorrem nos Vertissolos 53,6%
c)No ponto de carga zero as argilas estão totalmente dispersas 14,3%
d) Gibbsita é muito comum nos Chermossolos 25,0%
Total de votos: 28

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