Pedologia Fácil - Enquete #74. A hierarquia da classificação de solos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS, 2018) e os aspectos de manejo

A hierarquia do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, que é fundamental para se decidir o manejo racional no agronegócio, prevê 6 níveis categóricos (ordem, sub ordem, grande grupo, família e série), até o presente atinge o quarto nível categórico (figura 1).

Hierarquia da classificação de solos do Brasil (SiBCS, 2018).
Figura 1. Hierarquia da classificação de solos do Brasil (SiBCS, 2018).

Essa figura inclui 13 ordens, 44 subordens, 188 grandes grupos e 996 sub grupos.

As 13 ordens foram agrupadas incluindo solos os minerais não hidromórficos, exclusivamente com a sequência de horizontes: A-B e com baixo gradiente textural (Latossolos, Nitossolos, Cambissolos, Espodossolos, parte dos Chernossolos) e com alto gradiente textural (Argissolos, Luvissolos, Planossolos, parte dos Chernossolos).

Em seguida fazem parte os solos exclusivamente com a sequência de horizontes A-C (Neossolos e Vertissolos), seguido dos Plintossolos que tanto podem ter a sequência de horizontes A-B como A-C.

Finalmente, seguem-se os solos com muito forte restrição de drenagem interna (Gleissolos e Organossolos).

Portanto, o último solo da figura é o Organossolo, o mais difícil de se encontrar no Brasil, com bem menos de 1% do território nacional.

Essa hierarquia é descendente porque baseou-se nas informações pedológicas de levantamentos de solos genéricos (Exploratório e Reconhecimento), ao contrário do Sistema Americano de Classificação de solos que é ascendente, elaborada a partir de nível de série, baseada nos levantamentos de solos detalhados dos estados Unidos.

Existem muitas diferenças nos critérios da classificação de solos do Brasil e dos Estados Unidos (Soil Taxonomy), uma delas refere-se a sub ordem. Por exemplo, na sub ordem do Sistema Brasileiro, a cor é utilizada para Latossolos e Argissolos no Sistema Brasileiro, por outro lado, ambos solos se correlacionam, respectivamente com Oxisols e Ultisols ou Alfisols.

Na subordem do Soil Taxonomy em vez da cor, para vários solos, são utilizados os regimes hídricos que informam as condições hídricas durante períodos específicos do ano no perfil de solo.

Para a maioria dos solos no SIBCS, o grande grupo considera as condições químicas sub superficiais que tem reflexos no aprofundamento radicular no perfil de solo, interferindo diretamente na capacidade de água disponível (CAD).

No sub grupo, o enfoque brasileiro é de solo típico ou intermediário, respectivamente typic e intergrade para os americanos.

Aspéctos de manejo

Os Latossolos e os Argissolos não possuem impedimentos físicos naturais, exceto se forem coesos. No horizonte B podem ser eutróficos, ou mesotróficos, ou distróficos, ou mesoálicos ou álicos, ou alumínicos, ou alíticos ou ácricos.

Para o mesmo valor de uma chuva significativa, devido ao grande gradiente textural, a infiltração hídrica no perfil é menor no Argissolo típico do que no Latossolo típico.

Os Latossolos são ressecados, exceto os de textura argilosa ou muito argilosa quando, ao mesmo tempo, apresentam o caráter eutrófico.

A quebra de capilaridade entre os horizontes mais arenosos (A ou E) e mais argilosos (B) é a principal explicação para o duradouro suprimento de água para as plantas nos Argissolos, Luvissolos, Chernossolos Argilúvicos, Planossolos, e Plintossolos Argilúvicos.

Os Nitossolos possuem destacados valores de capacidade de água disponível em função da estrutura prismática muito rica em microporos, já os Chernossolos possuem CAD ainda mais elevada do que os Nitossolos porque o horizonte A é muito mais rico em matéria orgânica.

Os Neossolos Quartzarênicos apresentam várias limitações: reduzida CTC e capacidade de água disponível, poucas bases e micronutrientes, o que também ocorre nos Espodossolos, que comparativamente são menos limitantes porque o horizonte B espódico possui algum armazenamento hídrico, especialmente quando não inicia na profundidade de 50-75 cm.

Os Neossolos Litólicos possuem como principal limitação a pequena profundidade, o que limita muito o enraizamento abaixo do horizonte A, resultando na baixa capacidade de água disponível.

Em função do grande volume do material duro rico em ferro, os Plintosolos Pétricos são bem mais limitantes que os Neossolos Litólicos, a plantabilidade é maior nos Plintossolos Háplicos do que nos Neossolos Litólicos.

Os Vertissolos são extremamente duros quando secos, sendo problemático o seu preparo do solo; em volume, armazena grande volume de água disponível, mas grande parte desse volume fica “blindado” no solo porque a água fica retida com grande energia num ambiente de mineralogia expansiva e contrátil.

Os Planossolos, Gleissolos e os Organossolos possuem limitação pelo encharcamento frequente.

Alternativa correta: 3

Alternativa Votos (%)
1 - A quebra de capilaridade entre os horizontes superficiais e sub superficiais é exclusividade dos Latossolos. 40,3
2 - O Sistema Brasileiro de Classificação atualmente atinge o nível de série. 0
3 - O nível de grande grupo tem grande relação com a capacidade de água disponível. 40,0
4 - Os Organossolos devem ser os primeiros solos a fazer parte da hierarquia de classificação. 19,7
5 - Todas alternativas são incorretas. 0
Total de votos 365

Enquetes anteriores

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 

61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 

Apoio:

IPNI Jornal da Cana The International Union of Soil Sciences Natural Resources Management and Environment Departament ISRIC - World Soil Information