Manejo dos solos Tiomórficos
O caráter tiomórfico geralmente ocorre nos Gleissolos e Organossolos das regiões com influência marinha.
Segundo a EMBRAPA, os solos tiomórficos são os que se formaram em condições de abundância de enxofre e seus derivados e devem apresentar dentro dos 100 cm iniciais do perfil horizonte sulfúrico e/ou material sulfídrico materiais sulfídricos (compostos de enxofre oxidáveis como a pirita), ou ainda presença de sulfato solúvel em água (0,05% ou mais).
O horizonte sulfúrico é horizonte subsuperficial constituído de material mineral ou orgânico com espessura mínima de 15 cm, apresentando pH em água menor ou igual a 3,5. Além da elevada acidez outras evidências observadas no campo são: concentração de jarosita destacando sua cor amarelada nas paredes dos drenos e o típico cheiro de enxôfre.
Tais solos se forem drenados expõe-se as condições aeróbicas passando da alcalinidade a excessivamente ácidos com valor de pH em água abaixo de 3,5 .Isso ocorre devido a oxidação dos sulfetos gerando a formação do ácido sulfúrico, elevando o valor da condutividade elétrica, e provocando a toxidez de alguns micronutrientes especialmente ferro e manganês.
O horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídrico constituem severa barreira química limitando o enraizamento em profundidade das plantas de interesse econômico, exceto das adaptadas naturalmente como o “piri-piri” (figura 1).
Figura 1. Planta adaptada às condições do Gleissolo tiomórfico.
Portanto, antes de drenar esses solos deve-se recorrer ao levantamento pedológico no nível de detalhe suficiente para identificar os potencialmente Tiomórficos porque a drenagem provoca violenta oxidação dos materiais sulfídricos formando ácido sulfúrico e a jarosita de cor amarelada, criando-se uma situação irreversível de acidez no solo.
NOVAIS & NEVES (comunicação pessoal) estudaram a calagem em solos Tiomórficos com pH em água de 2,2 após a drenagem; aplicando 60 t.ha-1 (sessenta toneladas por hectares) de calcário.
Os autores verificaram que essa enorme quantidade de calcário alterou o pH em água de 2,2 para apenas 4,4; após sessenta dias de incubação.
A figura 2 apresenta o pefil representativo do Gleissolo Tiomórfico onde nota-se a coloração amarela da jarosita na profundidade entre 50 e 100 cm.
Figura 2. Perfil representativo do Gleissolo Tiomórfico (Original: Igo F.Lepsch)
Na legenda do mapa de solos (ou pedológico) de uma propriedade com extensa área de várzea destacam-se os seguintes solos:
- GX-1 - Gleissolo Tiomórfico textura argilosa
- GX-2 - Gleissolo Háplico textura argilosa
- O-1 - Organossolo Tiomórfico textura argilosa
- O-2 - Organossolo.Háplico textura argilosa
- SX - Planossolo Háplico eutrófico textura arenosa / média
Na classificação de solos, o termo “Háplico” refere-se às possibilidades de classificação não atendidas na seqüência anterior, listadas na classificação de solos da EMBRAPA (2006).
Exemplo de aplicação do conceito “Háplico” para os Gleissolos:
- Gleissolos Tiomórficos: quando apresentam horizonte sulfúrico e/ou matérias sulfídricos dentro de 100 cm de profundidade.
- Gleissolos Sálicos: quando possuem o caráter sálico em um ou mais horizontes dentro de 100 cm de profundidade a partir da superfície.
- Gleissolos Melânicos: quando apresentam horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura, ou horizonte A húmico, ou A proeminente, ou A chernozêmico.
- Gleissolos Háplicos: quando nenhuma alternativa anterior é atendida; ou seja, o Gleissolo não é Tiomórfico; nem Sálico, nem Melânico; mas Háplico.
Com essas informações básicas decida qual deve ser o manejo sustentável desses solos para exploração de plantas de interesse econômico.
Resposta correta: 4
Alternativa | % de votos |
1) Drenar os solos simbolizados de GX-1 e O-1. | 17,4 |
2) Drenar os solos simbolizados de GX-1 e O2. | 17,4 |
3) Drenar os solos simbolizados de GX-2 e O1. | 18,9 |
4) Drenar os solos simbolizados de GX-2, O2 e SX. | 20,5 |
5) Não drenar o solo simbolizado de SX. | 16,7 |
6) Fazer calagem para corrigir a acidez nos solos simbolizados de GX-1 e O-1. | 9,1 |
Total | 132 |