Hélio do Prado
A interação positiva dos aspectos físico-hídricos e químicos dos solos é decisiva para qualificar um ambiente de produção. Considerando as características dos diversos solos do Brasil podemos qualificá-los (ou desqualificá-los) em termos de ambientes de produção.
Os atributos químicos de soma de bases, saturação por bases e saturação por alumínio na camada sub superficial refletem o ambiente que interfere no desenvolvimento radicular em profundidade das plantas, além de serem considerados na classificação de solos. A deficiência de cálcio e a toxicidade de alumínio são os principais fatores limitantes na produtividade das culturas (RICHEY, 1980). Os valores de saturação por bases menor que 50% no horizonte subsuperficial são muito amplos, conforme destacado no quadro 1, e com conseqüência os teores de cálcio e alumínio variam significativamente.
A disponibilidade de água no solo considera, ao mesmo tempo, a porcentagem em volume da água retida no solo na condição de capacidade de campo e de ponto de murcha permanente, assim como a espessura do respectivo horizonte. Características morfológicas tais como presença de plintita em subsuperfície, mosqueado, variegado, etc também deveriam ser contempladas nessa disponibilidade de água no solo porque podem contribuir diretamente para que a água permaneça mais tempo no perfil de solo.
Foram propostas cinco classes de disponibilidade de água disponível para as principais classes de solo ocupadas com a cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil. Os critérios adotados contemplam as variáveis dos solos (atributos físicos e morfológicos) e do clima (evapotranspiração potencial). Verificou-se que a classe dos Latossolos apresenta limitação de disponibilidade de água para todos valores de disponibilidade de água, que a classe dos Argissolos apresentam média disponibilidade de água sòmente quando a espessura do horizonte A arenoso não é muito espessa, mas pode ser tão baixa quanto ao Neossolo Quartzarênico quando for da ordem de 100 cm.
Na caracterização de ambientes de produção de cana-de-açúcar deve ser considerada a disponibilidade de água, além das condições químicas subsuperficiais dos solos. De acordo com LANDELL et al. (2003), essas condições químicas determinam as produtividades ao longo dos cortes. O objetivo desse trabalho é comparar os ambientes de produção de cana-de-açúcar baseado em diferentes disponibilidades de água para a mesma classe de solo.
Em qualquer região, o conhecimento da classificação de solos, aliada ao de clima, decide quais são os ambientes de produção das diversas plantas.
Os solos ácricos brasileiros são caracterizados pela baixa capacidade de troca catiônica principalmente em subsuperfície, onde o pH em H2O é frequentemente menor que o pH em KCl, resultando em delta pH positivo. Esses solos, quando cultivados apresentam também baixos teores de matéria orgânica se comparados à condição de vegetação natural. O objetivo desse trabalho foi relacionar a quantidade de soma de bases e de cálcio no horizonte B de Latossolos ácricos com o balanço de cargas elétricas, em áreas cultivadas e sob vegetação natural (cerrado). Constatou-se o aumento da matéria orgânica é fundamental para elevar a capacidade de retenção de cátions em subsuperfície nos Latossolos ácricos.
O Projeto Rhizocana vem oferecer ao setor sucroalcooleiro uma proposta de pesquisa que resulta na determinação de faixas de densidades críticas do solo que não são estabelecidas pelo homem e sim, são mostradas pelas raízes da cana-de-açúcar.
