Solos e ambientes de produção para o agricultor
Em qualquer região, o conhecimento da classificação de solos, aliada ao de clima, decide quais são os ambientes de produção das diversas plantas.
O ambiente de produção é o local onde as plantas utilizam a água e os nutrientes para crescer.
A condição ideal é quando os solos possuem disponibilidade de água favorável, são ricos em nutrientes na camada arável, e tambem abaixo dela (eutróficos ou mesotróficos) porque são relativamente altos os teores de cálcio, que é o principal responsável pelo crescimento das raízes.
Lógicamente esses solos ricos devem possuir quantidades favoráveis de outros nutrientes, mas o destaque é para o cálcio. Deve-se considerar ainda que a cor do solo não necessariamente está associada ao solo rico porque é comum solos vermelhos apresentarem baixos teores de cálcio abaixo da camada arável. Por outro lado, solos amarelos podem apresentar altos teores de calcio no sub solo.
Normalmente, quando o teor de cálcio é alto, o teor de alumínio é baixo e isso é bom por dois motivos: a planta aproveita o cálcio para crescer e, ainda, não existe o efeito maléfico do alumínio limitando mais ainda o crescimento radicular.
Se a quantidade de cálcio é menor do que os anteriores são solos distróficos, assim, comparativamente, as raízes não crescem tão adequadamente como nos solos eutróficos e mesotróficos. Pior ainda quando o teor de cálcio é excessivamente baixo e o de alumínio excessivamente elevado (solo álico).
Nas análises de laboratório existem cálculos que indicam as condições desses nutrientes nos solos, tais solo como capacidade de troca de cátions (CTC), soma de bases (SB), saturação por bases (V) e saturação por alumínio (m).
Para melhor entender esses cálculos fazemos uma comparação do reservatório de nutrientes do solo, representada pela sua capacidadede troca de cátions (CTC), com a do reservatório de um veículo, representada pelo seu tanque de combustível.
Nesse reservatório-solo existem nutrientes para as plantas tais como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), e sódio (Na), conhecido também como soma de bases (SB). Além disso, existem nesse mesmo reservatório outros elementos que não são nutrientes para as plantas, como o hidrogênio (H), e o alumínio (Al).
Então, a capacidadede troca de cátions (CTC) mede a capacidade do reservatório-solo em armazenar cálcio, magnésio, potássio, sódio, hidrogênio e alumínio.
Comparativamente a CTC do solo seria o reservatório de álcool de um veículo.
Se a capacidade de troca de cátions (CTC) é baixa, o solo armazena pequena quantidade de cálcio, magnésio, potássio, sódio, hidrogênio e alumínio.
Seria o tanque de um veículo com pequena capacidade de armazenar álcool.
Se a capacidade de troca de cátions (CTC) é alta, o solo armazena grande quantidade de cálcio, magnésio, potássio, sódio, hidrogênio e alumínio.
Seria o tanque de um veículo com grande capacidade de armazenar álcool.
Se a saturação por bases do solo (V) é alta, ou seja, maior ou igual a 50% o solo é eutrófico (rico em nutrientes, especialmente em cálcio). Isso ocorre porque mais da metade do reservatório-solo (CTC) armazena esses nutrientes representada pela soma de bases (SB).
Comparando-se, o tanque de álcool estaria pelo menos na metade.
Quando a saturação por alumínio do solo (m) é alta, ou seja maior ou igual a 50%, o solo é álico (pobre em cálcio, mas ao mesmo tempo com alto teor de alumínio tóxico para as raízes).
O tanque de álcool estaria na reserva.
O valor "V" relativamente alto (30-50%), juntamente com valor " SB" também relativamente alto (maior que 1,2 cmol.kg-1) representa o solo mesotrófico.
O tanque de álcool do veículo estaria abaixo da metade, mas não muito distante.
Se o valor "m" for relativamente alto (maior que 15% sem atingir 50%) e ao mesmo tempo com alumínio maior que 0,4 cmol.kg-1, o solo é mesoálico.
Nessa condição o tanque de álcool estaria quase na reserva.
Numa condição intermediária, entre mesotrófico e mesoálico, o solo é distrófico.
O tanque do veículo estaria armazenando álcool bem acima da reserva, e mais afastado da metade.
Desse modo, essas comparações mostram que a interpretação química pedológica é mais fácil do que se poderia pensar.
